Não tem como não reconhecer a linha tênue, entre esses dois mistérios.
No caminho do cortejo, o estado de solitude me tomou - quem me dera se tivesse
apenas me tomado.. ele me invadiu, sem me preparar. O clima era denso, tanto no
seu sentido abstrato quando em seu sentido físico. Parecia uma eternidade,
minutos, segundos.. intermináveis. Na mente, mil coisas passavam-se, centenas
de perguntas criavam-se.. não, não somente pelo presente acontecido, mas decorrente
da soma de fatores de anos, mas principalmente do ano de 2012 - o ano
apresentado a mim em forma de conquistas, descobertas, decepções, alegrias,
encontros, reencontros, pesares, dores silenciosas, gritantes, frenéticas e
intermináveis. Aahh... quantos sentimentos, positivos e negativos contidos cá
dentro, acumulados e amenizados por mim a cada novo dia que se seguiu,
ilusoriamente amenizados. Entretanto, naquele momento a realidade me tomou,
acordei pra vida.. mas ora? Eu já estava acordada, minha vida até aquele
momento foi viver a realidade de viver. Então, de que forma eu acordara?
Simples.. acordei com outros olhos, olhei de uma outra perspectiva tudo, mais nua e
crua.. sem maquiagem ou efeito criado por mim mesma. Olhei em volta e um olhar
acolhedor não tinha, um abraço ou compreensão de tudo o que eu estava sentindo.
Havia culpa, havia angústia, pesar, dúvida, desamparo.. mas o que sempre me
acompanhou, sempre, não tinha.. a esperança. Um olhar positivo em meio a tudo,
naquele momento a esperança se transformara e direcionava-se para outros
enfoques, se perdendo entre os que eu mais queria.
Por fim, aquele dia acabou. Aquele clima ficou mais leve e a minha alma pode
respirar com mais tranquilidade, pois me lembrei do rosto dele, de
tranquilidade no momento do adeus, dentro daquele lugar. Sua lição ele havia
deixado, seus princípios, valores.. tudo, foi repassado com sucesso.
Contudo, agradeço pelo estado de solitude que ele, entre outras coisas e
pessoas me fizeram vivenciar, onde até agora, está me acompanhando.
Vida e morte.. em um, um ciclo de mistérios e descobertas se abre, no outro, ele se fecha. Não creio
que exista um contador imaginário em cima de nossas cabeças, pré-determinando
um dia e hora exata de morrer, somos senhores de nossas escolhas e responsáveis
por elas, em alguns momentos não existem escolhas, apenas fatos imprevisíveis.
Portanto, devemos deixar as pessoas que amamos sempre que possível, com belas
palavras, de verdadeiros sentimentos.. não perdendo tempo com mágoas, claro,
não deixando de valorizar e entender a dor de cada um, se ela existir, para que
então venhamos nos curar a tempo, antes que seja tarde demais.